A II Jornada Africanias UFRJ propõe reunir músicos e pesquisadores do Brasil, compartilhando saberes a respeito da presença do legado africano nas Américas. Este evento homenageará a fundadora do Africanias, a etnolinguista Professora Yeda Pessoa de Castro. Suas pesquisas são referência em todo o mundo e recebeu vários convites da ONU e da UNESCO a respeito das relações culturais e linguísticas entre o Brasil e a África. É autora de duas importantes publicações: Falares Africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro, considerado pela crítica a obra mais completa a respeito de línguas africanas no Brasil e a publicação A língua mina-jeje no Brasil: um falar africano em Ouro Preto do séc. XVII. É de sua autoria a definição do termo Africania, extraído da proposição feita pela antropóloga Nina Friedmann em Cabildos negros, refúgios de africanias en Colombia (Revista Montalbán, Universidade Católica Andrés Bello,1988). Segundo Yeda, podemos entender africanias como:
A bagagem cultural submergida no inconsciente iconográfico dos negroafricanos entrados no Brasil em escravidão e que se faz perceptível na língua, na música, na dança, na religião, no modo de ser e de ver o mundo, e, no decorrer dos séculos, como forma de resistência e de continuidade na opressão, transformaram-se e converteram-se em matrizes partícipes da construção de um novo sistema cultural e linguístico que nos identifica como brasileiros (CASTRO: 2012, p. 15).
A partir desta definição, compreendemos que a música brasileira foi se constituindo intrinsecamente pela presença legado africano. A segunda homenagem que a II Jornada irá realizar é à cantora Zaíra de Oliveira (1891-1951) que foi medalha de ouro do Instituto Nacional de Música em 1921 e que cantou na inauguração do Salão Leopoldo Miguez, considerada por Paschoal Carlos Magno uma das melhores cantoras líricas do mundo.
PROGRAMAÇÃO
21/11/2018 – VENTURA – SALA 2116
9:00 CREDENCIAMENTO
9:30 Homenagem à Professora Dra. Yeda Pessoa de Castro
10:00 Conferência – Professora Dra. Yeda Pessoa de Castro (UFBA)
11:00 Mesa Redonda – Tradições Bantu, Jeje e Nagô – Yeda Pessoa de Castro, Mãe Paula e Dote João de Oyá. Mediador: Dr. Alberto Pacheco
12:00 Palestra: Tambores africanos no Brasil: mito e linguagem: uma introdução – Eduardo Lira e Prof. Dr. Regina Meirelles
12:30 Jogos de cognição: quem aprende, quem não aprende e porque não aprende? O racismo estrutural como Inviabilizador para o ensino e aprendizagem da matemática nos anos iniciais do ensino fundamental – Erivelton Tomaz
13:00 ALMOÇO
21/11/2018 – SALÃO LEOPOLDO MIGUEZ
14:00 Recital Presença árabe-africana na música brasileira – Natália Trigo (voz), Arash Azadeh (kamancheh), Alisson Freire (violão) e Silas Barbosa (piano)
14:30 Africanias em Babi de Oliveira: um outro caminho. Natália Trigo (voz) e Silas Barbosa (piano)
15:00 Africanias FAETEC, Silas Barbosa (piano)
15:50 Beira Mar. Taís Bandeira (soprano) e Guilherme Terra (piano)
16:30 Viva Zaíra: Revisitando Zaíra de Oliveira: pela memória e des-esquecimento – Andréa Adour, Daniel Salgado e Victor Abalada
17:00 Viva Zaíra: Homenagem à Zaira de Oliveira com Duo Pretas (Sulamita Lage, piano e Ana Lia, soprano)
17:15 Viva Zaíra: Roda de Choro da UFRJ, orientadora Prof. Dra. Sheila Zagury e alunos da Oficina Instrumental de Canto e Projeto Africanias (orientação prof. Dra. Andrea Adour), violão Eduardo Camenietzki
18:15 Viva Zaíra: Cantiga Praiana – a redescoberta do cancioneiro de Eduardo Souto e seu tratamento para apresentação em concerto. Anne Amberget, piano; Daniela Moreira, mezzo-soprano, Robson Lemos, tenor, Thiago Teixeira, barítono. Orientação, prof. Dr. Lenine Santos
22/11/2018 – VENTURA – SALA 2116
10:00 Mesa redonda: Lídia de Oxum – Ildásio Tavares, Inácio de Nonno e Antonilde Pires. Mediadora: Andréa Adour
11:00 O legado da ancestralidade na construção do imaginário do samba – Prof. Dra. Regina Meirelles
12:00 Afroperspectividade, Epistemicídio Cultural E Ensino De Música Com Crianças – Prof. Dr. Renato Nogueira e Fabrícia Medeiros
13:00 ALMOÇO
22/11/2018 – RUA DO PASSEIO, 98 – SALA DA CONGREGAÇÃO
14:00 Os elementos afro-indígenas nas lendas amazônicas de Waldemar Henriques: um estudo de caso da obra Foi Boto Sinhá – Leonardo Soares
14:15 A presença africana na canção Guerreira de Paulo César Pinheiro e João Nogueira – Tom Oliveira
14:30 Vapor berrou na Paraíba, fumaça dele na Madureira! Africanias nos pontos do jongo da Serrinha – Ana Daniela Rufino
14:45 Do cantochão ao batuque: decolonizando o ensino de música à luz da estética marioandradiana – Carlos Cortez
15:00 O olhar de Debret sobre as Africanias no Brasil – Giselle Justino
15:30 Raiz e Resistência: Antonio Candeia Filho – Gabriel Barros
15:45 Africanias em Najla Jabor: um estudo sobre o acervo da compositora na Biblioteca Alberto Nepomuceno – Paulo Maria e Andrea Adour
16:00 As africanias na peça “Cobra Corá” de Carlos Alberto Pinto Fonseca como suporte interpretativo – Carlos Fecher
16:15 ABC do Sertão: Africanias nas Letras do Rei do Baião – Silviane Paiva
16:30 O swing no canto de Djavan – Fabio Adour
16:45 Possibilidades dos encontros afro-brasileiros no processo de criação musical – Eduardo Cameniezki. Intérprete: Yasmini Vargas
17:00 Recital Antonilde Pires (voz) e Sulamita Lage (piano)
17:30 Recital Afrotelúricos – Ana Rosa (voz), Victor Rosa (violão de 7 cordas) e Rodrigo Maré (percussão)
18:00 Encerramento: Recital Orixás e Orikis e bate papo com Afoxé Omó Ifá. Alunos da Escola de Música da UFRJ. Mediadores: Mãe Paula e Babalawo Sandro Fatorerá. Piano: Silas Barbosa